D1960 - SEMINÁRIO DISTRITAL - ROTARY PARA UMA CULTURA DE PAZ
- Liberdade e Paz caminham de mãos dadas! Por coincidência ou talvez não, no mês dedicado à Paz e à Resolução de Conflitos em Rotary e, na bonita cidade de Santarém de onde partiu uma coluna militar comandada pelo Capitão Salgueiro Maia para nos devolver a Liberdade, teve lugar a Formação Rotária para uma Cultura de Paz.
- Uma manhã profícua, em que recordámos os marcos históricos de Rotary International para a Paz Mundial e fomos sensibilizados para a Paz Positiva, pela presidente da Comissão para uma Cultura de Paz, Ana Paula Ferreira, uma parceria estratégica entre Rotary Internacional e o Institute for Economics and Peace (IEP).
A Paz mais do que ausência de guerra ou medo da guerra - Paz negativa, corresponde às atitudes, instituições e estruturas que criam e apoiam sociedades pacíficas - Paz Positiva. Um sistema composto por 8 pilares que trabalham em conjunto e que se reforçam mutuamente para tornar o país mais resiliente perante choques e conflitos, a saber: 1) um governo que funciona bem; 2) ambiente empresarial sólido; 3) baixos níveis de corrupção; 4) níveis elevados de capital humano; 5) livre fluxo de informação; 6) boas relações com os países vizinhos; 7) distribuição equitativa de recursos; 8) aceitação dos direitos dos outros. Estes pilares estão interligados, de maneira que ao reforçar um pilar necessariamente impactamos nos demais.
Os oito pilares da Paz Positiva constituem um Quadro de Referência para orientar a política, no sentido de níveis mais elevados de paz e felicidade, economias mais robustas, sociedades mais resilientes e mais adaptáveis à mudança. Ou seja, a Paz Positiva corresponde a um ambiente ideal para o desenvolvimento do potencial humano.
Os clubes rotários, as instituições públicas, privadas e militares presentes no seminário foram desafiados a incorporar na sua atuação o Quadro de Referência para a Paz Positiva.
Através da parceria entre Rotary e o IEP, podemos aprender de forma gratuita sobre a estrutura de Paz, através da Academia Rotary da Paz Positiva, e aplicar os oito pilares nos projetos que desenvolvemos.
- Na sessão tivemos a oportunidade de ouvir o PGD Roberto Carvalho sobre projetos de clubes rotários no estrangeiro - na Bolívia, Porto Rico, República Dominicana e na Suíça, mas também em Portugal, de que são excelentes exemplos, os projetos do Rotary Clubs de Benfica, Sintra, Abrantes e Sesimbra.
- E no âmbito do Empoderamento de Meninas, a Comp. Rita Freitas apresentou projetos em prol da Paz em países em guerra e projetos para supressão de necessidades, de que é exemplo o projeto "Caleidoscópio", desenvolvido em parceria entre os Rotary Clubs de Olhão, Tavira e Soroptimist Club de Tavira.
- Através de instituições a nível local ou num país distante, a título individual ou coletivo, cidadãos e cidadãs concretizam a Paz Positiva, fazendo renascer a esperança no meio da pobreza extrema e da guerra. Muitos são os bolseiros de Rotary para a Paz. Um desses exemplos é a Bolseira Rotary pela Paz Marta Baeta, fundadora da ONG portuguesa "From Kibera With Love", proposta pelo Rotary Club do Barreiro, e que em breve iniciará a sua formação num Centro Rotary pela Paz, na Universidade de Mekerere, em Kampala no Uganda.
- Esperamos que em breve possamos vir a concretizar os Estudos da Paz também em Portugal. O PGD António Mendes referiu o trabalho que a Universidade Lusófona tem vindo a desenvolver para a criação de uma Pós-Graduação em Ciências da Paz. Dada a colaboração da Universidade com o Rotary, admite-se possa vir a ser um Centro Rotary de Formação para a Paz protocolado com a Rotary Foundation. Aguardamos com expetativa a concretização deste sonho.
- A finalizar ouvimos acerca da colaboração de Portugal em missões da Paz, o Coronel Tiago Lopes que no quadro das Forças Nacionais de Defesa, apresentou a posição nacional que participa em vários tipos de missões: de defesa coletiva no âmbito da NATO; de cariz humanitário das Nações Unidas em África - duas ainda se mantêm na República Centro-Africana e Mali e outra na Colômbia; e missões no Mediterrâneo ao serviço da União Europeia e da FRONTEX.
Estes são contributos nacionais para a manutenção da Paz no Mundo, cujo papel dos militares portugueses é enaltecido pela sua dedicação, adaptabilidade, flexibilidade e resiliência, que conduz a uma elevada aceitação das populações e comunidades em que se inserem.
A verdadeira razão de tal aceitação foi partilhada num testemunho mais pessoal numa missão no Líbano.
A missão envolvia ações que visaram as principais necessidades da população e das autoridades locais nas áreas de infraestruturas, apoio médico-sanitário e equipamentos de apoio e desenvolvimento social, como por exemplo: redes de abastecimento de água e drenagem de esgotos, sistemas de recolha de lixo, iluminação pública, estradas e acessos a campos de cultivo, terraplanagens, equipamento de escolas, parques públicos, centros de ocupação dos tempos livres e ações de sensibilização para engenhos explosivos não detonados.
Ao fim de quase 6 anos, a Unidade de Engenharia portuguesa apoiou mais de uma dezena de municípios, totalizando mais de uma centena de ações, revelando sempre um elevado padrão de qualidade e rigor na execução de todos os trabalhos e ações, sendo indesmentível a importância da vertente cultural e pessoal dos militares portugueses, de índole tolerante e generosa. Apesar da força bélica, exercem também uma força não bélica de apoio às populações, com cursos de socorrismo e apoio sanitário ou através da linguagem universal do desporto. No final da missão foram adicionados: Esperança, Alegria e Carinho das populações, em especial das crianças.
- O Governador David Valente sublinhou a Paz como valor, e não apenas como meta, valor que deve integrar o nosso dia a dia. A Paz é algo que se constrói artesanalmente, com as nossas "mãos", através da promoção do cuidado com os outros, do diálogo, da compreensão e da tolerância. A construção da Paz é uma tarefa do nosso quotidiano pessoal, que acreditamos possa ser extrapolada para o mundo global. Terminou agradecendo aos oradores, aos organizadores e a todos os presentes.
O desafio é que através das suas atitudes pessoais e profissionais, rotários e não rotários, mas também as instituições públicas, privadas ou militares, e as empresas, possam incorporar o Quadro de Referência da Paz Positiva. Só a PAZ duradoura pode ser construída para a felicidade do pleno desenvolvimento humano, sabendo que agindo à nossa escala influenciamos positivamente o todo.
Esta é uma responsabilidade pessoal e coletiva.
Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, pergunta antes o que podes fazer pelo teu seu país (John F. Kennedy). Aceita este desafio!
Comissão Distrital para uma Cultura de Paz