PROGRAMA

Governador do Distrito 1960 David Valente

Presidente de Rotary Internacional

Dear Fellow Rotarian Gordon McInally and  Heather

Boa noite,

Caras companheiras e companheiros, convidados

Estamos muito gratos pelo destaque que deram ao nosso distrito com a vossa visita, e estamos certos e também gratos pela inspiração e incentivo que esta visita vem trazer para o nosso trabalho nos clubes e na comunidade.

Estamos hoje aqui, no Hotel Tivoli, em Lisboa, para reafirmar o nosso grande compromisso com Rotary e de o reafirmarmos perante ti, empenhados em fazer com que os nossos projetos e programas sejam ações que Criem Esperança no Mundo.

Quando naquele dia 9 de janeiro, em Orlando, Flórida, anunciaste o tema do ano 2023-24, senti, e todos sentimos, a riqueza e a oportunidade do lema "Crie Esperança no Mundo".

A esperança que propunhas que fosse levada a um mundo saído de uma recente pandemia, que confinou milhões de pessoas às suas residências, e a um mundo que entrava numa guerra anunciada, mas perigosa e injusta, era uma esperança de mudanças alcançáveis, de realizações, de fazer acontecer. Não era uma esperança escolhida, uma convicção, ou uma esperança irrealista e teórica; não era esperança numa utopia que propomos aos outros como caminho. 

Rotary vai criar esperança na medida em que propõe e leva a cabo coisas concretas na vida das pessoas, que as faz voltar a acreditar em si próprias, construindo com os outros um futuro sustentável e com resultados. 

A esperança em Rotary não deve soçobrar, mas ser continuamente alimentada por confiança e ação.

A esperança em Rotary não é esperança numa ideia, num sentimento, numa construção académica, num tesouro material, mas é sobretudo uma vontade, um testemunho de vida, testemunho dentro da família, da comunidade rotária e da comunidade em geral. 

Por isso, a esperança não pode permanecer escondida, antes deve sair para fora, tomando a forma do respeito, da tolerância, da cordialidade, do sorriso e da solidariedade.

Segundo o mito grego, a primeira mulher existente, Pandora, recebeu uma caixa, com a advertência que não fosse aberta. Mas, cheia de curiosidade, Pandora abriu mesmo a caixa diante de Epimeteu, seu marido, e com isso libertou todos os males do mundo como as doenças, as guerras, os problemas e os desentendimentos. 

Assustada, Pandora ainda conseguiu fechar a caixa, no último minuto, deixando dentro dela, enclausurada, a esperança.

E desde então, para os gregos antigos, neste mundo, grassam as doenças e os conflitos, mas a esperança continua fechada na caixa.

O presidente Gordon veio agora, confiantemente, voltar a abrir a caixa de Pandora e deixar a esperança sair, para que ela não fique esquecida e oculta, mas presente aos nossos olhos e eficiente na criação de pessoas mais felizes e de um mundo melhor.

Criamos esperança no mundo :

- quando estamos juntos e atentos aos companheiros e aos seus problemas e necessidades;

- quando apoiamos as crianças de rua de Nairoby, como o projecto Street Kids, projeto internacional abraçado pelo Rotaract Clube das Caldas da Rainha e pelos rotaracteristas do distrito;

- quando trabalhamos com outras associações como "O Companheiro", de ex-reclusos, à qual disponibilizamos há mais de quatro anos alimentação três vezes por semana, material escolar e prendas de Natal, como faz o centenário Rotary Clube de Lisboa;

- quando construímos um edifício sede, junto à praia, com potencialidade para acolher campos de férias para crianças necessitadas como o fez o Rotary Clube de Peniche;

- quando damos o nosso tempo e dedicação a associações que trabalham com idosos como faz o Rotary Clube de Lisboa-Benfica com o Centro Social S. Tomas de Aquino;

- quando apoiamos projetos com crianças como o centro que visitamos esta manhã, realizado em parceria com a autarquia pelo Rotary Clube da Portela, outros clubes e o apoio da The Rotary Foundation

- quando somos permeáveis à inspiração e propostas de Rotary.

E poderíamos dar muitos outros exemplos.

Gordon, Heather,

Estão a visitar um distrito que celebrará em breve 100 anos, um centenário de atividade contínua, facto notável num país como Portugal, onde a sociedade civil é pouco participativa. 

Estão nesta sala representantes de mais de metade dos 70 clubes do nosso distrito – e também representantes de alguns dos 16 clubes Rotaract e dos 11 clubes Interact, que, tal como os que não puderam vir, já refletiram e trabalharam sobre o tema do ano. 

Clubes que já colocaram em ação o apelo que fizeram à continuidade de todos os programas de Rotary que temos vindo a desenvolver, especialmente os relativos à ênfase especial que damos à saúde mental, doença escondida e não assumida, e à paz, esta também vista como um processo de construção de soluções não violentas de conflitos na família, na escola, no trabalho, no mundo.

A esperança ensina a persistência, a paciência e a tolerância e a tomar o tempo como um aliado, pois a esperança acredita no poder vital das sementes, semente cujo desabrochar só numa pequena parte depende de nós. Estejamos prontos para fazer essa parte inicial dizendo como o poeta Fernando Pessoa em Mensagem "da obra ousada é minha a parte feita". 

Assim, o grande trabalho que a esperança nos pede é a confiança.

Estamos envolvidos com a nossa vontade e ação na construção de uma cultura de paz e de esperança, de solidariedade e de cuidado. Estamos atentos à ideias e propostas globais de Rotary Internacional, para poder agir localmente através dos nossos clubes.

Gordon, Heather

Muito obrigado por este desafio e pela continua inspiração que transmitem à nossa organização e à nossa ação. E ao dizer inspiração quero significar uma faculdade criadora que parece espontânea, mas é o resultado de grande elaboração e labor intelectual.

Contem connosco para continuar a Criar Esperança no Mundo.

Obrigado,

David Valente

Presidente de Rotary International Gordon McInally

Boa noite, boa noite a todos.

É óptimo estar em Lisboa. Obrigado por nos fazerem sentir tão bem-vindos. 

(e agora, lamento, sigo em inglês)

Há muitas coisas sobre as quais gostaria de falar convosco esta noite, mas estou consciente de que o tempo é essencial e estou a falar em inglês, o que pode ser um desafio para alguns de vocês acompanharem.

Então, gostaria de começar abordando um tema específico que me é caro e que está a ganhar muita força no mundo rotário neste momento.

Quero falar convosco sobre saúde mental, que nem sempre é o assunto mais fácil de discutir.

Mas só porque este tópico pode ser difícil, não significa que devemos evitá-lo.

O facto é que, há muitas pessoas que acreditam que saúde mental tem tudo a ver com doença e fraqueza … Mas nada poderia estar mais longe da verdade.

Sim, existem alguns problemas de saúde mental que são doenças diagnosticáveis. Mas a saúde mental é muito mais do que isso... trata-se de pessoas que encontram significado, conexão, propósito e compreensão.

E às vezes é simplesmente ter alguém com quem conversar sobre os desafios diários da vida.

Muitas pessoas constroem esse tipo de resiliência através da fé religiosa. Outros encontram-na em reuniões onde trabalhamos juntos com o propósito comum de ajudar os nossos semelhantes a enfrentar dificuldades e a prosperar. Outros ainda encontram essas ligações trabalhando com profissionais de saúde mental em terapia – realizada pessoalmente ou, cada vez mais, online. E muitas pessoas fortalecem a sua saúde mental construindo ligações pessoais profundas com familiares, amigos e entes queridos que permitem a vulnerabilidade e conexões onde perguntamos livremente não apenas "como vai você" mas "como você está realmente?"

Preocupa-me que existam algumas partes do mundo onde nem mesmo é permitido discutir saúde mental.

O Rotary, devido ao nosso alcance global, está numa posição única para ajudar a mudar isso.

Podemos lutar contra esse estigma. Podemos aumentar a conscientização sobre as necessidades de saúde mental… e podemos assumir um papel de liderança na expansão do acesso aos cuidados de saúde mental.

Desde o início, o Rotary tem como objetivo abraçar a nossa humanidade e construir conexões pessoais.

Crescemos e nos tornamos uma incrível rede global de líderes comunitários interconectados

– líderes que partilham um profundo compromisso de fazer o bem no mundo.

Mas o que torna o Rotary poderoso não é apenas o que fazemos pelas comunidades que servimos.

Também apoiamos e capacitamos uns aos outros, criando um espaço seguro para que os nossos membros possam se mostrar completos e autênticos. Mostramos conforto e cuidado um ao outro.

Falei anteriormente sobre essas conexões pessoais profundas que são tão importantes para a saúde mental – aqueles onde as pessoas se sentem seguras para discutir o que mais as preocupa.

Esse tipo de conexão pode ser construído individualmente, aqui mesmo no Rotary. Quando fazemos esse tipo de investimento um no outro, fortalecemos as nossas amizades...fortalecemos os nossos clubes … e nos fortalecemos.

Porque a investigação mostra que praticar atos de bondade é o passo mais eficaz que qualquer pessoa pode tomar para proteger a nossa sensação de bem-estar e para nos tornar mais resilientes a todos os desafios que a vida nos coloca.

Eu sei o que é ver alguém próximo a mim sofrer em silêncio pela adversidade e ser devorado por ela.

E tenho certeza de que todos nós – talvez sem saber – já vivenciamos o sofrimento de entes queridos de maneira semelhante.

Na Assembleia Internacional em Orlando, compartilhei PUBLICAMENTE PELA PRIMEIRA VEZ como vi tudo isso muito de perto quando MEU ÚNICO IRMÃO, IAN, desceu às profundezas do desespero e da depressão que finalmente o levou a tirar a própria vida NOVE anos atrás

Olhando para trás, Ian estava lutando há algum tempo apesar de ser ALTAMENTE bem-sucedido na profissão que escolheu e apesar de ter a esposa e a família mais amorosas.

MAS ELE NÃO conseguiu pedir ajuda. Foi por medo de ser visto como fraco? Foi por medo de ser julgado?...ou foi mesmo por medo de ser rejeitado?

NUNCA SABEREMOS.

Posso me aventurar a sugerir que uma das principais razões pelas quais o MEU IRMÃO e tantos outros como ele chegam ao ponto que chegam é porque a SAÚDE Mental continua a ser um assunto TÃO tabu, e que os SERVIÇOS de Saúde Mental permanecem tão escassos,

Sei que o Rotary pode fazer algo a esse respeito.

Sei que um país como a PORTUGAL pode quebrar o tabu sobre a discussão da saúde mental e o Rotary pode desempenhar um papel nisso.

Estou confiante de que podemos iluminar as necessidades de saúde mental de perto e de longe.

Podemos ajudar-nos uns aos outros a nos sentirmos mais apoiados como companheiros do Rotary e como vizinhos, podemos defender serviços de saúde mental, e podemos construir pontes com especialistas na área da saúde mental para ajudar a expandir o acesso ao tratamento.

A boa notícia é que não estamos a começar esse esforço do zero.

O Grupo Rotary em Ação pela Saúde Mental tem-se concentrado nesse tipo de questão há vários anos – e contaremos com eles em busca de liderança ao longo do ano, à medida que continuamos a aumentar a conscientização.

Quando o meu mandato como presidente terminar, esse foco na saúde mental continuará presente através da liderança do Grupo Rotary em Ação pela Saúde Mental.

Rotary Clubs em todo o mundo já possuem vários projetos voltados para a saúde mental. E os cuidados de saúde mental enquadram-se confortavelmente em várias das nossas áreas de enfoque.

Existem alguns grandes projetos de subsídios globais já em andamento que são tremendamente promissores – e talvez o sinal mais encorajador para mim, de que esta iniciativa está a ter impacto, é a forma como este número continua a aumentar.

Portanto, estou entusiasmado e encantado por já termos começado a abraçar a saúde mental no mundo rotário. Ao priorizá-lo, espero tornar possível manter este compromisso nos próximos anos.

Para fazer isso, encorajo você a nos ajudar:

• Apague o estigma associado ao bem-estar emocional.
• Ajude-nos a aumentar a conscientização sobre as necessidades de saúde mental.
• E ajude-nos a melhorar o acesso a serviços de saúde mental preventivos e interventivos.

It's a BIG ASK. (é um grande pedido)

But it's AN IMPORTANT TASK.(mas é uma tarefa importante)

- e peço a CADA UM DE VOCÊS que se tornem CAMPEÕES deste esforço.

Juntos, na área de Saúde Mental e Bem-Estar, tal como fazemos em tantas outras áreas,

CRIE ESPERANÇA NO MUNDO!

O que me leva ao segundo e último tema que quero abordar esta noite:

O que exatamente estamos a tentar alcançar ao criarmos esperança no mundo?

Em última análise, ao criar esperança no mundo, estamos a criar um mundo mais igualitário, um mundo mais amoroso, um mundo mais PACÍFICO.

Felizmente, como associados do Rotary, estamos comprometidos em trabalhar pela paz.

E nunca se esqueça, a paz é mais, Muito mais do que a ausência de guerra ou conflito armado.

Paz é liberdade, a paz são crianças e adultos saudáveis. A paz é água limpa e comida suficiente.

A paz é educação, direitos humanos, dignidade, roupas, habitação, preocupação com a humanidade.

E acima de tudo, Paz é AMOR.

Uma das minhas grandes inspirações, o falecido Dr. Martin Luther King, Júnior disse uma vez, e cito:

"Devemos descobrir o poder do amor, o poder redentor do amor. E quando descobrimos isso, seremos capazes de fazer deste velho mundo um novo mundo, pois o amor é o caminho."

E você sabe que o amor é o caminho? Na verdade, em última análise, o amor é o ÚNICO caminho porque o amor pode ajudar e curar quando nada mais pode.

O amor pode elevar e libertar quando nada mais o fará.

O amor pode conduzir-nos e guiar-nos ao longo do caminho para além do nosso interesse próprio não esclarecido e para além das nossas fações e divisões.

Porque o amor pode nos mostrar o caminho para sermos humanos e humanos.

O caminho do amor mencionado pelo Dr. King na citação que acabei de usar é o caminho para a civilização humana e para a vida onde, como costumavam dizer os escravos do Sul Antebellum da América - haverá muito espaço bom, muito bom quarto, muito bom espaço para todos.

AGORA, a pergunta óbvia e que provavelmente está na mente de todos agora é:

Poderia funcionar? Poderia funcionar, não apenas em teoria, poderia funcionar nas fábricas e nas linhas de montagem, poderia funcionar na sala de reuniões corporativas, poderia funcionar nos conselhos de política, poderia funcionar no mundo - no mundo cada vez mais difícil e difícil

Bem, não é fácil! Esta forma de amor é a única coisa que alguma vez funcionou para o progresso humano e a civilização humana e para o bem, o bem-estar e o bem-estar de toda a família humana.

Considere a alternativa...

Acredito que o oposto do amor não é o ódio, mas é o egoísmo, o egocentrismo.

A história tem mostrado repetidas vezes que o egoísmo e o egocentrismo não funcionam.

Nunca funcionou e nunca funcionará.

O amor sacrificial altruísta é a única maneira que pode funcionar

ISTO é a única maneira que já funcionou.

Se você não acredita em mim, pare e,para usar uma palavra que ouvimos muito no Rotary no ano passado, IMAGINE..

• Imagine um mundo onde o amor é o caminho.
• Imagine lares e famílias onde o amor é o caminho.
• Imagine bairros e comunidades onde o amor é o caminho.
• Imagine negócios e comércio onde o amor é o caminho.
• Imagine governos e nações onde o amor é o caminho.

Onde o amor é o caminho, então nenhuma criança voltará a dormir com fome neste mundo.

Onde o amor é o caminho, a justiça fluirá como um rio poderoso

Onde o amor é o caminho, a pobreza VAI se tornar história.

E onde o amor é o caminho, há espaço bastante espaço para todos.

Porque quando o amor é o caminho, quando a PAZ é o caminho na verdade tratamo-nos uns aos outros como se fôssemos uma família e que melhores aspirações poderíamos nós ter, como rotários, que maior ESPERANÇA nós, como rotários, poderíamos criar neste mundo do que um sentimento de FAMÍLIA, AMOR e PAZ

• É tudo uma questão de CUIDADO,
• Precisamos cuidar uns dos outros,
• porque somente cuidando uns dos outros podemos COMEÇAMOS A CRIAR ESPERANÇA NO MUNDO.

Meus amigos,

Obrigado, mais uma vez por nos permitirem compartilhar este dia e estes momentos convosco.

Cada um de vocês é um crédito para o emblema que usam no peito e estou orgulhoso, muito orgulhoso, de pertencer à mesma organização que vocês!

Obrigado,

Gordon McInally