Mensagem de MAIO do Governador Paulo Taveira de Sousa

30-05-2025

A 79ª Conferência do Distrito "behind the scenes"

Queridas Companheiras e queridos Companheiros:

Maio é o mês dedicado pelo Rotary aos Serviços à Juventude. Sobre esse tema, escrevi a minha coluna mensal no Portugal Rotário para que vos remeto. Mas maio é também o mês em que se começam a realizar as conferências anuais e é sobre a nossa conferência que vos quero falar e a que este número da Carta Mensal é exclusivamente dedicado.

A 79ª Conferência do Distrito 1960, que se realizou em Lisboa nos dias 9 e 10 de maio, foi um misto de longo planeamento e de improvisação. No dia seguinte à minha indicação como governador 24/25, ou seja, no dia 13 de novembro de 2021, visitei o local em que admitia fazer a Conferência. As datas da sua realização foram definidas com 3 anos de antecedência, em articulação com o Distrito 1970 (sem poder antecipar que iriam coincidir com um jogo de futebol de grande impacto, a 500 metros do local!!) Rapidamente entrei em contacto com a Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa (ESCS), não apenas para lhes pedir os espaços, mas para envolver a própria Escola e os seus docentes e alunos na preparação da Conferência, o que acabou por acontecer (a Conferência foi um "case study" em dois cursos). O Salão Preto e Prata do Casino do Estoril foi reservado ainda em maio de 2023. Comecei a conceber o que pretendia da Conferência, o formato, os temas, os intervenientes e fiz alguns convites que foram aceites. Um ano antes pedi sugestões ao Distrito sobre o que poderia ser uma eco conferência (recebi 2 respostas).

A Conferência obedeceu a um plano com objetivos estratégicos muito claramente definidos. O principal objetivo era promover o Rotary na Comunidade, torná-lo mais conhecido e apresentá-lo como um parceiro válido e confiável, comprometido com as causas certas. O que são causas certas e quais são? É sempre difícil responder. Eu diria que são causas que têm impacto em largas camadas da população (e não apenas em certos nichos) e simultaneamente asseguram sustentabilidade ao desenvolvimento comunitário.

A primeira decisão a tomar foi o local da sua realização. Desde a primeira hora que escolhi a ESCS, tendo a consciência de que assumia alguns riscos. Queixamo-nos muito frequentemente de sermos pouco conhecidos. A afirmação é em parte verdadeira e deve obrigar-nos a atuar para alterar a realidade. Fazer a Conferência Distrital, o maior evento rotário do ano, numa Escola que forma profissionais da Comunicação Social e envolver a Escola e os seus docentes e alunos na sua preparação é algo de que se pode esperar resultados no futuro. Teria sido com certeza mais cómodo tê-la realizado num hotel, num local agradável fora de Lisboa, mas quando se têm objetivos estratégicos, temos que fazer opções e assumir riscos.

O compromisso com a proteção do ambiente foi igualmente uma opção da primeira hora e não podia deixar de estar presente num evento preocupado com o desenvolvimento sustentável (um Presente com Futuro). Lançar a ideia de uma eco conferência foi um desafio a começar para mim próprio. Afinal, o que é uma eco conferência? À partida teria que ser um evento que discutisse temas de sustentabilidade global e que, na sua organização, fosse ecologicamente responsável.

A terceira decisão foi associar a Conferência a uma causa que projetasse o Rotary na sociedade, sempre no afã de melhorar o reconhecimento do Movimento. A causa deveria ter aceitação geral e implicar uma parceria com uma entidade externa de indiscutível prestígio. Escolhi a causa das Crianças e como parceiro a Unicef. O objetivo era claro: mostrar à Comunidade que o Rotary se preocupa com temas relevantes e que é capaz de se associar a parceiros externos para ampliar o seu impacto, reunindo apoios o mais diversificados possível.

Hoje, cada vez se fala mais de parcerias. As verdadeiras parcerias implicam trabalho partilhado e comunhão de esforços para se atingirem objetivos comuns. Não tenho qualquer dúvida de que são o caminho certo.

Apesar do longo planeamento, de contactos estabelecidos com grande antecedência e da clareza dos propósitos, a execução obrigou a muita improvisação, muito mais do que eu gostaria.

É verdade que a Conferência deve refletir o próprio ano e esse nunca sabemos como vai decorrer. Logo, o planeamento não pode ser tão rígido que feche a porta a momentos abertos a tudo o que ocorreu. Mas a necessidade de improvisar, e o esforço adicional que isso implicou, foi muito para além daquela circunstância.

Acontecimentos externos absolutamente incontroláveis condicionaram de forma poderosa os nossos planos. O processo eleitoral contemporâneo afastou alguns convidados já confirmados e dificultou a aceitação de outros. A visita de dois Presidentes de Rotary International ao Distrito (a atual e o próximo) num espaço de 10 dias, em cima da data da Conferência, sem planeamento prévio, implicou um esforço acrescido de assinalável monta. Um jogo de futebol de grande dramatismo, associado a uma greve da CP (sem serviços mínimos), arruinou definitivamente a possibilidade de se fazer o evento de beneficência programado para o Casino do Estoril. Sem falar de convites aceites que, por razões muito diversas, não se concretizaram. Tudo isto obrigou a que o programa tivesse que ter sido feito e refeito vezes sem conta, sempre com a pressão da data que se aproximava velozmente.

No final de todo este carrocel de emoções, valeu a pena? A minha resposta é inequivocamente afirmativa!

A Conferência fez-se na ESCS e a Escola foi envolvida. Colocámos o primeiro Poste da Paz em Lisboa, dando a conhecer um projeto que a maioria dos nossos Companheiros ignorava. Afirmámos os nossos Valores e sensibilizámos alguns parceiros de grande valor. Aflorámos assuntos de grande significado. A "Verdade e a Mentira no espaço público" foi tratado por especialistas de competência reconhecida, num ambiente muito agradável à beira Tejo. O tema das Cidades Inteligentes, justamente um dos que tem espectro geral e não se confina a nichos, é central numa perspetiva de sustentabilidade e foi abordado por autoridades na matéria. Além disso, correspondeu a uma das duas sugestões que recebi sobre o que poderia ser uma eco conferência, da autoria do Companheiro João Calado, a quem muito agradeço. Divulgámos a expedição Portugal Azul e o nosso envolvimento na causa da redução de consumo de plásticos. Reduzimos os desperdícios ao mínimo. Não houve papel, não houve crachás que não servem para nada, nem sequer flores para enviar para o lixo no dia seguinte. A recordação da Conferência foi um objeto de uso quotidiano (assim espero!). Mesmo a decoração do palco assentou em meios digitais. Tudo foi pensado para reduzir a pegada ecológica.

Mas, para além desta vertente, permitam-me que realce a cerimónia de reconhecimentos a que procedemos, exemplarmente executada pela Companheira Solange Falé. E ainda o momento de Storytelling, em que destacámos casos bem sucedidos no nosso Distrito, muito diferentes uns dos outros mas todos com assinalável impacto. Contámos histórias verdadeiras e ocorridas bem perto de nós. Falar do que fazemos bem é decisivo para alimentar o entusiasmo e a nossa vocação para servir e, permitam que diga, faz-nos bem! E isso ocorreu tanto nos Reconhecimentos como no Storytelling.

Tivemos como Representante da Presidente de Rotary International o Companheiro Carlos Sandoval, um rotário de grande valor, atual curador da Rotary Foundation. Fizemos o possível para que saísse do nosso Distrito com uma impressão favorável, assente no nosso trabalho ao longo do ano que, de facto, teve como um dos seus objetivos mais importantes o revigoramento da nossa relação com a Rotary Foundation.

Mesmo considerando o jantar de sábado, preparado à última hora, nas circunstâncias conhecidas, o custo de inscrição foi muito baixo, oferecendo várias alternativas aos participantes. Tivemos uma Conferência com custo Rotaract!

E tivemos música! Música com a prata da casa, com talentos rotários e dos estudantes da Tuna da ESCS. Muito grato a todos!

Permitam que ouse dizer que vi satisfação espontânea na cara da maioria dos participantes e julgo que não me estou a iludir. Não há valor que pague essa sensação!

Agradeço à Margarida Lopes da Silva, à sua curta equipa e a todos os que trabalharam durante a Conferência o seu tempo e dedicação, que foram, muitas vezes para lá do razoável. E a paciência para me aturarem …

E agora é tempo de continuar o trabalho! Até sempre! "Talent de bien faire"

Paulo Taveira de Sousa - Governador D1960