Mensagem de JUNHO do Governador Paulo Taveira de Sousa
"Talant de bien faire"

Queridas Companheiras e queridos Companheiros:
Começo pela famosa frase que constitui o lema de vida do Infante D. Henrique, mais tarde também adotado pela Marinha Portuguesa: "Talant de bien faire". Também eu a tomei como lema pessoal para este ano de serviço como governador do Distrito 1960, como referi logo nas primeiras ações de formação.
O que significa? Vontade (e não talento) de fazer bem. Eu atribuí-lhe dois sentidos. Fazer bem é, por um lado, fazer as coisas bem feitas, mas, muito mais importante do que isso, fazer o que está certo, fazer o que é preciso ser feito.
Desde que fui escolhido pela Comissão de Indicação do nosso Distrito, no já longínquo 12 de novembro de 2021, procurei, com muita convicção, perceber o que devia ser a minha ação como governador. Falei com muita gente, de dentro e de fora do nosso Movimento, criei grupos de reflexão, visitei clubes, continuei a cultivar relações internacionais. Para quê? Para definir um rumo e identificar prioridades. Em particular, nos três domínios chave: Quadro Social, Rotary Foundation e Imagem Pública.
Eis outra palavra chave: prioridades! Temos sempre na nossa vida muitas coisas para fazer. Mas, no mar caótico dessas muitas coisas, temos de ver o que é mais importante e escolher os timings certos. Sobretudo quando, à nossa frente, está um período de tempo tão curto, como são os nossos mandatos de 1 ano!
Olhei para o Distrito e vi um quadro social insuficientemente representativo da nossa sociedade e envelhecido. A representatividade de que falo, como muitos outros no Rotary de hoje, não é a clássica representatividade de profissões. É uma representatividade social, de diferentes origens sociais, de diferentes visões, raças, géneros e idades. Também de profissões, sobretudo as menos clássicas.
Temos, nesta área, vários défices. Mas, como não podemos fazer tudo ao mesmo tempo, escolhi como prioridade a insuficiente presença de mulheres e de pessoas mais novas. Por essa razão, a minha equipa distrital foi escolhida de modo a colocar as mulheres em posições de destaque (1 vice-governadora, 1 conselheira distrital, 1 facilitadora de aprendizagem, 12 governadoras assistentes e 7 presidentes de comissões distritais) e a integrar membros com idade inferior a 40 anos (cerca de 20%).
Todavia, o necessário trabalho de robustecimento do Quadro Social só pode ser concretizado ao nível dos Clubes. E é a nossa prioridade nº 1. O nosso Distrito precisa de crescer e está a diminuir. O nosso Distrito precisa de ter mais pessoas mais novas e isso não está a acontecer. Só os clubes podem alterar a situação. Mas não se trata de crescer por crescer, nem de incorporar novos membros sem um rumo. Cada clube deve fazer um exame sobre o que é e o que quer ser. E, em função dessa análise, definir estratégias para prosseguir o que se propõe, incluindo o tipo de pessoas que deseja atrair para o seu seio. Pessoas certas nos clubes certos e não crescimento sem critério. A criação de novos clubes é igualmente uma alavanca decisiva para o robustecimento e o crescimento. Precisamos de atrair novos públicos e de mudar o que for necessário para chegar lá, desde que nos mantenhamos fiéis aos nossos princípios e valores.
O Rotary é uma casa muito grande e, no seu interior, cabem visões diferentes, adaptadas às caraterísticas de cada comunidade e às crenças de cada um, desde que todos se subordinem aos mesmos princípios e valores básicos. Cada clube pode ter (e tem!) uma específica ideia de Rotary, sem que isso ponha em causa a nossa essência.
Procurei igualmente dar um novo fôlego às relações com a Rotary Foundation, apresentando-a como o principal instrumento da ação rotária. E, sobretudo, mostrando de uma forma inovadora os benefícios que as nossas comunidades já tiveram com o apoio do resto do Mundo, através dos programas da Rotary Foundation. Apostámos para isso no audiovisual e o conjunto de vídeos produzidos ficará como património do Distrito e dos Clubes, para uso posterior, se assim for entendido.
Em matéria de comunicação e imagem pública, optei por um estilo direto de comunicação, assente também no audiovisual. Procurámos divulgar de forma sistematizada o trabalho dos clubes, tanto para dentro como para fora. E a nossa celebração dos 120 anos do Rotary International acabou por se traduzir numa grande operação de relações públicas, como inicialmente havia sido concebida, mas atingindo um alcance muito superior ao antecipado.
Temos sempre uma grande tendência para olhar para números e há mesmo quem afirme que o que não se pode medir não existe. Mas a quantidade não é tudo. A qualidade é essencial. E do que mais precisamos é de, todos os dias, fazer um Rotary melhor, com clubes a funcionar bem e sócios interessados, com uma ligação à comunidade que faça com que o Rotary permaneça como um parceiro útil, confiável e relevante.
Termino recordando uma outra obsessão que não me largou: simplificar! Logo nas ações de formação falei da estratégia Kiss (Keep it short and simple). Simplificar está longe de ser desvalorizar ou reduzir para dar menos trabalho. Não, simplificar é olhar para o principal e largar o acessório, é focar no que mais importa e esquecer o resto, é desenvolver o músculo e abater as gorduras. Simplificar também nas atitudes, criando um bom clima de empatia com os outros e relações humanas positivas.
Mas a nossa vocação de Rotários só verdadeiramente se cumpre quando pelo menos tentamos dar de nós antes de pensar em nós, quando vamos para além do exigível e temos a sensação de que fizemos mais do que os outros esperavam e às vezes mais do que nos julgávamos capazes.
Essa é mesmo a grande Magia do Rotary.
Um abraço,
Paulo Taveira de Sousa - Governador D1960
(esta é a última mensagem mensal do Governador 2025-26)